quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desperta - dor


PIPIPI-PI PIPIPI-PI PIPIPI-PI
O som pode ser esse ou a música mais agradável do mundo, não importa. Você vai acabar odiando a musica do despertador. Assim, é até melhor que o som seja esse (irritante por natureza), para que você não passe a odiar alguma música que você goste.
Porque nós temos essa ilusão de colocar uma música, que adoramos, no despertador, acreditando que isso tornará essa hora odiosa um pouco mais agradável. Nos primeiros dias até torna, depois de umas semanas você enjoou da música e depois de muitas, você nunca mais quer ouvi-la.
A verdade é que o despertador é a coisa mais inconveniente do planeta. Ele sempre apita no meio daquele sonho surreal ou apenas interrompe o limbo reconfortante do sono. Mas nunca é bem vindo.
E depois, aquela dor quase física por sair de debaixo das cobertas em dias frios, ou deixar aquele ninho fresco nos dias mornos, ou voltar a sentir calor nos dias quentes. É sempre uma hora tão ruim.
PIPIPI-PI PIPIPI-PI PIPIPI-PI
É, tenho que ir.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

TARDE DE CHUVA

Primeiro vem a nuvem. Que vai se esparramando, devagar, pelo céu, cobrindo-o de cinza. Uma nuvem tão pesada, que fica baixa, me deixando sempre com a nítida impressão de que, se subirmos num prédio bem alto, conseguiremos tocá-la. E sempre penso isso, mesmo sabendo que a nuvem está a uns 2 km de altura. O vento às vezes a segue. E chega batendo portas e fustigando árvores. Mas às vezes a nuvem vem sozinha, apenas com seu cheiro de chuva. Um cheiro tão indescritível e tão agradável. E depois dessa preparação cuidadosa do cenário, a água finalmente cai. Às vezes cai com raiva, outras com calma, ou ainda com dor. Mas a verdade é que ela só cai, esses sentimentos dela sou eu quem invento. Engraçado que não me lembro de uma chuva alegre, apesar de gostar muito delas. Não posso deixar de falar dos trovões, que rasgam, literalmente, o ar, depois do aviso prévio dos relâmpagos, para que não levemos um susto. E a chuva cai. Como se as nuvens fossem torcidas. E a água descolore o céu, deixando-o branco. E agora saio dos meus devaneios, porque esqueci de fechar as janelas.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Uma tarde qualquer. O Sol brilhando. Esculturas de nuvens cortando o céu. Uma arvore qualquer balançando seus galhos ao vento. Sentada na sombra aconchegante dela, uma menina de olhos brilhantes observava o redor. Sorria. Feliz. E até pensava baixinho, para não espantar os passarinhos de sua cabeça. Sonhava.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Nós, máquinas orgânicas, viemos equipados com um piloto automático de altíssima precisão. Todos nós usamos esse mecanismo para acordar. Desligar o despertador. Tomar banho. Escovar os dentes... Ou seja, ele é muito importante durante aquele período da manhã entre o levantar e o acordar de fato (o que pode demorar um pouco).
O problema é que muitas pessoas não acordam (as razões são variadas, e quase sempre infundadas), ficando no piloto automático o dia todo e às vezes até por dias inteiros. E continuam, sobrevivendo graças à vida latente e ao piloto, que vai executando tarefas que não são suas (com qualidade medíocre, diga-se de passagem).
E legiões inteiras de máquinas orgânicas inertes, mas ativas, operam por todos os lugares. Somos como “santos do pau oco”: uma casca bonita (ou não) apenas.
Mas não somos completamente vazios. Bem lá no meio existe uma vela. Que fica apagada enquanto o piloto automático atua.
E “de repente, não mais que de repente”: uma cor, ou um cheiro, ou um sabor, ou um som, ou uma dor, gera um sopro, suave, que entra por frestas que alguns, felizmente, deixam abertas.
O sopro acende a vela, que só se apagará caso seu próprio dono a abafe. A chama ilumina os olhos, faz brotar lagrimas ou desabrochar um sorriso. E, nessa hora, as máquinas orgânicas finalmente ganham vida e alma e se tornam humanos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010


As lágrimas são fardos pesados demais para as pálpebras carregarem. E o coração, além de salgarem-nas de tristezas, as empurra com força. Então elas caem, abrindo caminho por entre os percalços do rosto. E o sonho de todas elas é caírem na boca para adoçar um beijo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Às vezes, por um vento estranho, uma semente acaba caindo em uma caverna. Sombria, assustadora. E a semente pode germinar.
A jovem planta precisa de luz para se desenvolver. Mas essa luz não existe para ela. E o brotinho ainda cresce, se estica muito em busca da luz que necessita. Desenvolve seu topo para se fixar em algum suporte, algo que a sustente, mas muitas vezes não o encontra.
E depois de toda essa luta, a luz pode aparecer. Mas aí já não adianta porque a planta não vai saber como aproveitá-la, não tem a substância necessária, e não consegue desenvolvê-la. A morte prematura é a única coisa que resta à plantinha.
Na biologia essas plantas são chamadas estioladas. Mas e se forem pessoas?

domingo, 17 de outubro de 2010

Como a televisão era triste!
Não havia um dia sem lamentações. Lamentava porque não gostava do que exibia. Se perguntava por que não podia mostrar algo diferente daqueles programas vazios e sensacionalistas. Tentava mudar a programação, mas tinha que se submeter ao poder do controle remoto.
Ainda se lembrava do horror de seu nascimento, com muitas mãos a colocando numa caixa, onde ficou por muito tempo, sozinha, sentido solavancos, movimentação que não entendia.
Acabou em cima de uma estante, numa sala feia de pessoas feias. Havia o homem gordo, que só queria saber de futebol. A mulher sem graça, que passava quase o dia todo na frente dela mudando de canal sempre porque só queria que o tempo passasse. Tinha o adolescente, que só assistia filmes de ação sem conteúdo algum ou pornôs tarde da noite. Tinha também o menino, que assistia o que os outros queriam porque não podia escolher.
Como a televisão tinha nojo daquilo!
E como ela queria ser uma janela! Poder olhar para o horizonte todos os dias. Não queria ser uma janela de cidade, que pode ver apenas uma parede. Ela queria ser uma janela de fazenda, aquelas janelas grandes, para poder ver as árvores, o céu estrelado.
Ela não se importaria em olhar para a mesma paisagem todos os dias. Nem mesmo se ninguém olhasse através dela. Ficaria até feliz de não ter pessoas tão patéticas olhando para ela, sem nunca ver. Como queria sair daquela sala feia!
E ainda tinha que ouvir os outros falando mal dela! Falando que não fazia bem, corrompia, usava as pessoas. Como ficava indignada com aquilo! Dava vontade de gritar: “a culpa é deles, eu só obedeço ao controle”. Mas não podia fazer isso. Tentou, e não conseguiu. Até que se resignou. Agora, alem de exibir os canais que odiava, passou a olhá-los também. E se tornou um membro da família.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ser.
Existe ação mais ampla e significativa? Existe algo mais essencial do que isso? Não sei a sua, mas a minha resposta é não.
Porém, vem a burra gramática dizer que “ser” não é um verbo de ação. E ousa mais, afirma que ele é um reles verbo de ligação vazio de significado.
Olhe que petulância!
Certeza que quem criou essa estúpida teoria não é muito culto porque não deve ter ouvido uma das frases mais famosas de todos os tempos: “Ser ou não ser? Eis a questão”.
Viu? A questão existencial de todo mundo é esta: “ser ou não ser”. Com “SER”, não com um outro verbosinho qualquer que a gramática considera de ação e por isso com significado!
ABAIXO A PREDICAÇÃO VERBAL!
SEJAMOS!!!
O importante não é o que acontece, mas sim como acontece. E não, não estou falando especificamente de sexo, embora ele também se encaixe nessa situação.
Por exemplo: você pode assistir a um filme bem clichê, aqueles que você sabe o resumo da história só de ver a capa e o titulo, mas você assiste e gosta. Ou então um livro que você não resiste à ansiedade e lê algumas partes na frente, assim você já sabe como a história termina, mas continua lendo.
(Quanto ao exemplo do sexo, pensem vocês mesmos).
O que leva à conclusão de que Maquiavel estava errado ao dizer que “os fins justificam os meios”. Na verdade, são os meios que justificam os fins. O final não seria nada sem toda a movimentação antes dele. O que seria do “felizes para sempre” dos contos de fada, das mortes de Romeu e Julieta, das novelas com seus finais ridículos, sem toda a complicação que levou a eles?

P.S.: E este foi mais um texto sem final, começo ou objetivo escrito por Alguém que não sabe do que está falando.

P.P.S.: E quem sou eu pra falar algo da gramática e de Maquiavel não é? Mas um pouco de prepotência as vezes é bom.

domingo, 26 de setembro de 2010


Os cometas atravessam o céu. Seguem sua rota, partem rumo ao nada. Nenhum sabe quando será o fim da estrada que seguem. Mas todos têm consciência de que há um fim, e depois dele vão desaparecer.
O que alguns não sabem é que todos eles brilham, e existem os que brilham tanto que no fim acabam virando estrelas. E apesar de não marcarem o céu, com sua eterna indiferença, este sempre fica mais bonito e interessante com os cometas.



E fica a pergunta: “nós admiramos as estrelas porque somos humanos ou somos humanos porque admiramos as estrelas?”

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Está fazendo calor.
Sol
Está fazendo muito calor.
Quente
Está fazendo um calor infernal!
Labaredas

Eu poderia escrever sobre muitas coisas,
mas o calor está no caminho.
E no meio do caminho está o calor!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


A umidade relativa do ar estava em torno de 15%. A temperatura era maior que 30°C. Clima de deserto. Mas o céu dela estava negro. Trovões e relâmpagos cortavam o ar. Raios apareciam aqui e ali. Tudo era insuportável. A chuva tinha que cair, mas ela era segurada. Não era hora nem lugar.
E a chuva foi ficando pesada. Tão pesada que caiu. Caiu forte, mas silenciosa, não era pra ninguém ver. A poeira subiu com a chuva, e esta soltou um gemido. Gemido fundo e dolorido...
A chuva acalmou. Ficou mansa, mansa. Mas ainda durou por muito tempo.
As nuvens nunca mais deixaram o céu dela, mas abriram um espaço para a luz do Sol entrar de novo.

domingo, 5 de setembro de 2010


Toda a área rescendia à cores. Cores das mais variadas. Variadas como as flores das quais descendiam. Flores lindas espalhadas por todo canto. Flores alegres que animavam o ambiente.
E todos estavam maravilhosamente bem. Conversavam sobre assuntos conversáveis. Os homens até discutiam política. As mulheres mudavam de interlocutor a cada instante para poderem repetira sua história.
Tudo normal. Tudo como deveria ser.
Mas se algum atrevido se aproximasse das flores para sentir-lhes o perfume, teria amarga decepção, porque perfume elas não tinham. As flores eram de plástico.
Plástico. De plástico era tudo e todos ali. Plástico: a cópia barata de tudo.
O atrevido poderia pensar na ironia da vida. As flores de verdade não estavam lá porque murcham e morrem. Precisam ser trocadas. As pessoas plásticas estavam lá.
Mas ninguém pensava assim porque atrevido não havia ali.apenas um fraco, que sorria e conversava também, mas trazia os olhos vermelhos de choro.
Tudo normal. Tudo como deveria ser.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estou farta desse amor fingido. Do amor inventado que quando acaba parece nunca ter existido. Do amor que precisa de razão para existir. Do amor que pensa ter o direito de prender o outro.
Não é qualquer tipo de amor que vale a pena, não é qualquer tipo de amor que vale amar. Se for para amar alguém, que esse alguém seja inteiro, não a metade de uma laranja. Que seja mais que alma gêmea, seja corpo, seja mente. E que seja sobretudo real, ao invés de ser perfeito.
O amor tem que ser grande e estranho, quente e perigoso, porque ele realmente é fogo, e como este, também acaba. Acaba deixando nos corações humanos amizade e nos de ouro, ódio.
Se se morre de amor? Não, não se morre. Mas o que se fez amante agora se faz triste. E amor sempre rima com dor, porém o que pode uma criatura senão outras criaturas amar? E a esperança de amar de novo é erva benigna que nunca morre.
Não quero mais saber de amor que não seja libertação!


*Com citações e paráfrases de: Manuel Bandeira, Cazuza, Luís Vaz de Camões, Gonçalves Dias, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Thomas Edison disse: Talento é 1% inspiração e 99% transpiração. E, sinceramente? Não acredito nele. Em relação à produção literária Thomas (olha a intimidade) está redondamente enganado. Mas como ele era um cientista, não um escritor, então pode até ser perdoado.
Para se escrever um texto a inspiração é extremamente necessária. É ela quem vai formar a idéia do texto. Depois vem a sua melhor amiga: a criatividade, que é quem vai nos dar a capacidade de fazer uma cópia imperfeita do texto idealizado. E ele vai se mudar do “reino das palavras” para o papel (ou o computador). Mas a transpiração não pode ser desprezada (a coitada), ou você acha que é fácil tirar o texto de junto de Platão? Não é fácil.
“Como é que se escreve?” Clarisse Lispector já perguntou. Eu me cansei de perguntar e procurar. E vou por aí, escrevendo sobre tudo e sobre nada (literalmente), na hora que os textos quiserem vir porque às vezes tenho extensas crises não-criativas. Como esta que me obrigou a escrever esse texto.
Mas eu tenho uma dica, que até funciona comigo, mas só funciona com mulheres, e ainda bem que não funciona sempre: escrevam na TPM.
- Não é nada.
- Nada. Essa palavra tão simples guarda um significado tão amplo que acaba perdendo o sentido. Afinal, o que é nada? Você pode dizer: ”ausência de tudo, lógico.” E eu até concordaria com esse conceito caso ele se aplicasse à prática. Pense comigo: a primeira coisa que vem à sua cabeça com a palavra nada é uma tela preta, não é? Mas o preto não é uma cor? Então, ele não é “nada”. Nem o vácuo espacial é vazio porque lá existe a massa negra e há muitos estudos sobre ela sabia? (Ensinamentos de Big Bang Theory). Portanto, concluindo para deixar claro: O NADA NÃO EXISTE!!! E pronto. Então não venha falar pra mim: “nada não”.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"I feel unhappy, I feel so sad"


Curta sua tristeza porque ela vai passar. E todos vão fazer de tudo para que isso aconteça, porque você já não tem o direito de ficar calado e na sua, escrever melancolias byronianas, de ouvir músicas com prantos instrumentais, e, você está, terminantemente, proibido de chorar.
Você já não pode fazer nada disso, porque a Felicidade está aí, não batendo na sua porta, mas esmurrando e exigindo que a deixe entrar!
A sociedade é incrível mesmo! Faz moda até do sentimento. Houve um tempo, antes dessa “ditadura da Felicidade” em que ser depressivo é que era elegante e agora não se pode estar triste! Porque a felicidade lava seu cérebro e te tortura com a sua presença insuportável. “Atitudes positivas”, “o mundo conspira a seu favor”, “sorria mesmo que tenha que esconder no fundo da alma a dor que o mundo desconhece”, blá, blá, blá.
Só tenho pena de quem tem toda a felicidade vendida nos livros de auto-ajuda. Daqui a pouco vão arrumar um jeito de transformá-la em pílula, não, em garrafas porque pílulas não são o suficiente. Espere, isso já existe. Já existe felicidade em garrafas, pílulas, pó, pedras, e já faz um bruto sucesso não é mesmo?
Critiquei e critiquei. Mas não falei o que é felicidade, porque eu não sei. E duvido que você saiba também, mas posso estar errada. Por enquanto vou curtindo a minha tristeza com músicas depressivas e chocolate.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Acordo com o despertador.
Me levanto com o sono pesando nos meus olhos.
O expulso daí com água. A água que molha meu corpo e o acorda para mais um dia.
Mais um dia. Um dia que nasce vermelho e vai expulsando o roxo da noite pelo outro lado.
A lua vai se apagando. As estrelas já se foram.
E o sol vai subindo. Assistindo ao mundo se movimentando.
Me assistindo correr e correr, no meio de outros tantos corredores. Todos nós corremos, e queremos chegar primeiro, logo nós, que não temos pódio de chegada e não conhecemos o de largada.
Logo nós. Por quê?
Mas devido a nossa correria o mundo gira.
O dia se vai vermelho como nasceu.
As estrelas voltam. A lua se acende de novo.
Pergunto a ela os segredos que guarda no manto da noite.
Ela não me responde.
Me deito com o sono pesando nos meus olhos ajusto o despertador.
E durmo mais uma vez.

domingo, 15 de agosto de 2010


A vida é um livro, e um romance romântico ainda por cima, com seus amores e seus dramas e finais felizes, ou trágicos se for um romance byroniano. O que posso fazer? Eu sou romântica apesar de tudo, apesar até de não querer ser. Estou atacada de uma sensação bonita, uma alegria inexplicável e uma vontade de dançar na chuva que cai lá fora. Mas a chuva está grossa e a gripe suína ainda está aí.
Vou roubar uma idéia que ouvi, espero não ser processada: podiam inventar uma máquina que guardasse sensações, eu iria guardar esta que estou sentindo agora, e uma da qual tenho muita saudade: outra alegria inexplicável. Não, não deviam inventar uma máquina que guarde sensações, assim elas perderiam todo o encanto, todo o romantismo. Deixemos as sensações com a memória.
A minha vida não é um livro aberto, tem algumas páginas coladas no meio da história, e eu mesma colei, para que não conseguissem lê-las. Eu não sei em que capitulo estou, em que capitulo começou, em que capitulo vai acabar. Acho que ainda estou na descrição do começo, no começo da trança do enredo.
Mas a chuva continua forte. Adoro cheiro de chuva. Pena que não dá pra ver a Lua. Eu adoro a Lua. E esse texto que não tem pé nem cabeça vai escorrendo, não, ele vai caindo forte como a chuva lá fora, tão forte e rápido que vou trocando as letras, com vontade de chegar na próxima frase.
Estou com vontade de ter um romance, algo que me faça ter mais sensações, que me faça enxergar tudo vermelho, ter uma desculpa aceitável para a vontade de dançar, correr, pular. Mas pra que desculpas? O instante existe.
Agora sim o texto esta escorrendo, mas a chuva continua caindo. Acho melhor deixar a leve correnteza correr tranqüila, sem a minha interferência. Na minha imaginação a Lua está brilhante, bem baixo, apagando as estrelas.

domingo, 8 de agosto de 2010

A bagunça é o meu lar! E você vai perceber isso facilmente caso você entre no quarto. Mas por que minha mãe não consegue entender isso? Vive me mandando arrumar, e, quando não faço isso (o que é quase sempre), ela mesma arruma. Aí é um desastre! Quando meu quarto está arrumado me sinto uma intrusa dentro dele.
Eu consigo viver muito bem na minha bagunça: não tenho problemas com perder as coisas, de vez em quando demora um pouco para achá-las, mas eu acho, sei mais ou menos onde cada coisa está. Mas depois da arrumação, são dias de raiva porque não consigo encontrar aquele papel, aquele brinco, aquele livro.
Para mim, quarto é um lugar sagrado, onde ninguém além do dono pode ficar mexendo. O meu quarto é o único lugar da casa que é completamente individual, o lugar onde tenho minha pouca liberdade, minha privacidade. E gosto muito delas!
E haja paciência pra toda vez que você quiser guardar uma coisa ter que ir no lugar certo e arrumar direitinho toda hora!
Sempre uso a desculpa de a bagunça reflete a insegurança interior, mas não adianta, minha mãe não acredita, nem eu sei se é verdade, pode ser só preguiça também. E você pode discutir o quanto quiser, mas a minha bagunça é organizada!

domingo, 25 de julho de 2010


Todos ficam falando da maconha, do crac, da cocaína, do álcool, do cigarro. Mas não existe droga pior que a televisão.
É sério! Que outra droga vicia e te aliena tão rápido quanto ela? Se você não assiste muito e não acredita no que estou dizendo, sente-se no sofá uma tarde da semana. Você pode ter a intenção de ficar apenas 10 minutos. Não vai passar nada de interessante. Mas você vai ficar aí a tarde inteira. Acredite.
Mas é claro que esta é uma experiência própria e você pode ser super ativo e não ficar com preguiça de fazer qualquer outra coisa numa tarde entediante e quente.
Aliás, pode ser culpa do calor. Será que alguém além de mim detesta tardes insuportavelmente quentes quando não se está ao lado de uma piscina e sua única vontade é entrar na geladeira?
E não venha me perguntar: ”não tem mais nada o que fazer não?”, porque sim, eu tenho! O que eu não tenho é a mínima disposição.

domingo, 18 de julho de 2010

Sei que existem pessoas que gostariam de ser imortais. Mas, sinceramente, não as entendo.
Por que ser imortal? Ás vezes a vida dessas pessoas é muito boa, mas, cedo ou tarde, o cansaço vai aparecer.
Por favor, não pensem que estou dizendo isso por causa de algum vampiro!
Sabe, tem uma personagem (que eu não lembro o nome) da série “O guia dos mochileiros das galáxias” que se tornou imortal e não havia nascido pra isso e então não sabia o que fazer. Ela disse que conseguiria viver eternamente, não fossem as tardes de domingo (pra você ver o poder delas), então, para ocupar o tempo, resolveu xingar todos os seres do universo.
E tem também Bilbo Bolseiro de “O senhor dos anéis”. Ele já havia vivido demais e disse se sentir como pouca manteiga espalhada em muito pão (mas também não estou considerando a influência do Anel).
Se você quer ser imortal, pense comigo: você vai continuar tendo problemas por toda a eternidade, vai ver muito mais pessoas mortais que você gosta morrerem, e ainda vai poder ser morto (é só alguém te matar de alguma forma: atirando, envenenando, arrancando seu coração).
É claro que quero fazer tantas coisas que uma vida não é tempo suficiente para fazê-las, mas prefiro que seja assim. Se eu fosse imortal o que faria depois que todos os meus desejos acabassem? E a quantidade de tardes de domingo que vou ter que enfrentar? Assim vou acabar tendo uma overdose.

sábado, 17 de julho de 2010


Tempo. Tempo. Tempo.
Nós sempre nos preocupamos com ele. Reclamamos se passa devagar ou rápido. Nos irritamos porque temos que nos submeter.
E ele fica ali, completamente indiferente, agindo silencioso. A gente, apesar de tudo, fica com ele sempre perto (no pulso ou na parede ou no celular) porque não podemos perdê-lo de forma alguma. Ele é muito precioso.
Se você escova seus dentes 3 vezes por dia , em 70 anos (ou uma vida) você gastou uns 53 dias nisso. Se você toma banho (10 minutos, 3 vezes por dia) na mesma vida você gasta 177 dias. Enchendo copos (8 vezes por dia) você gasta 9 dias numa vida. Esperando os sites carregarem (30 vezes por dia e se a sua internet for rápida) 89 dias de uma vida são gastos.
Essas coisas pequenas consomem 973 dias, ou seja, 32 meses, ou seja, 2 anos e 8 meses. Você pode pensar: quanto tempo perdido! Mas isso não chega a 4% de uma vida de 70 anos. E será que não se pode perder tempo assim? Perdemos muito mais tempo fazendo coisas muito mais vazias e ainda acreditamos que ele está sendo bem empregado.
Eu perco meu tempo (muito mais do que esse que foi contado)! Ás vezes passo horas parada, olhando pra nada. Por quê? Porque não quero fazer outra coisa. Porque é bom às vezes não fazer nada. Podem dizer que estou louca, mas não tenho tempo pra pensar nisso.