quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Como posso falar da lua, tão brilhante e cheia no céu, se aqui na terra impera a lama?

Não sei e não quero imaginar como é acordar com a sua casa desabando sobre você. Tentar sair e salvar seus familiares, mas não conseguir e ver seus filhos, netos, avós, pais morrerem, soterrados ou arrastados. Ir ao IML ou a um caminhão frigorífico reconhecer alguém no meio de tantos mortos. Voltar para o lugar onde estaria sua casa, o porto de sua vida, e não encontrá-la. Ver tudo o que lutou tanto para conseguir, até suas memórias em fotos, destruído. Sofrer tantas necessidades. Passar o dia com a mesma frase na cabeça: “Acabou tudo”, e infelizmente não ser exagero. Ser atormentado pela pergunta: “Como recomeçar?”. E ainda ter que ver desgraçados se aproveitando da situação para ganhar dinheiro, de todas as formas.
Não sei e não quero imaginar como é passar pelos estágios dessa dor, tão grande que provoca a vontade de ter morrido para não precisar testemunhar o que restou.
Lama.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Mais um ano novo. E, mais rápido do que todos esperam, o novo fica velho. De novo.
Por isso prefiro o pessimismo à frustração.
Mas a poesia fala mais:
Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Esperança: as lentilhas podem dar a sorte, os pulos com pé direito podem funcionar, as sementes de romã também. Tudo novo. De novo.