quarta-feira, 26 de dezembro de 2012


A humanidade ainda corre sérios riscos.
Não é porque o dia marcado pelos maias para o fim do mundo passou que a humanidade não deve temer o seu fim. E, acredite, ele está mais próximo do que se imagina. A raça humana pode perdurar, mas não a humanidade. E as mostras disso estão em todos os lugares, mas não vemos. E não ver já é um sinal do fim.
Porque todos os dias em uma única cidade podem ocorrer dezenas de assassinatos, moradores de rua podem parecer serem assassinados em série e crimes brutais podem estar acontecendo. Mas ninguém se importa, todos fingem não ver.
Na verdade, eu entendo, é simplesmente a coisa mais fácil a se fazer. Mas tenho medo. Tenho medo de nos acostumarmos com esse comportamento, porque sempre nos acostumamos, ou dele ser determinado normal pelas mais altas convenções sociais e, então, a compaixão se atrofiar.
Mas eu também sou covarde. Não tenho a coragem de me elevar e gritar a verdade para ninguém ouvir, na simples tentativa de fazer a diferença para alguém no meio da multidão. Queria ter a coragem dos pregadores que gritam versículos mesmo para as caras viradas. Mas eles têm fé e a minha fé na humanidade está muito abalada.
Não, eu não quero esperar que algo aconteça próximo a mim para ser obrigada a sair da indiferença e começar a pedir que a situação mude. Eu não aceito que a vida humana seja banalizada a ponto de 10 serem tiradas em uma única noite, em uma única cidade. Recordes de homicídios sejam batidos todos os dias. Isso não é admissível ou tolerável.
Essa situação não pode continuar, mas parece que ninguém se interessa em mudá-la. Para que lutar se nada vai mudar? Então para que viver se vamos morrer?

sábado, 15 de dezembro de 2012


Aquela que caminha na vazia rua
Ignorando a sorridente lua
Com o andar arrasado
O olhar fixo
O pensar parado
Sou eu 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012


Alguém me disse certa vez que às vezes precisamos parar a vida um pouco pra viver.
Não posso pensar em um paradoxo mais real.
É que ando tendo a impressão de que vivo em função dos meus finais de semana, e para eles há tantos planos, há tantas vontades, que acaba imperando a de não fazer nada, que é forte demais.
É que minha semana é uma maratona onde mantenho velocidade alta até quinta feira, esse dia é cruel, quando quase desmonto. Mas atravesso a linha de chegada na sexta com aquela “sensação de que a vida passa assim como um tufão”.
Eu tenho plena convicção que nunca vou ter tempo, aquele tempo que a gente sempre deseja para se fazer o que sempre sonhou. Tempo é a gente que cria.
E criei esse textinho inútil em uns minutinhos que consegui roubar de mim.

domingo, 16 de setembro de 2012


Eu gostaria de saber o que dizer em situações tão complicadas quanto separações, seja entre enamorados, seja a morte, a mais definitiva de todas.
Queria poder dar palavras capazes de suavizar a dor sentida. Mas todas elas me parecem fugir nessas ocasiões ou as que ficam me parecem vazias e frias.
Também ainda não decidi o que gostaria de ouvir se fosse meu o caso.
Na verdade, minha decisão é instintiva: não quero ouvir nada. Prefiro poupar os outros de tão difícil tarefa que provavelmente não resultará em nada ou talvez machuque mais, mesmo não sendo essa a intenção.
Só acredito no poder do abraço. Um abraço sincero, forte, irradiando carinho. A única coisa que consigo oferecer a você.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Na época da seca, a gente reza pra que a nuvem cinza de poeira seja de chuva.

Perdi a voz. Ou a vontade de falar.
É que descobri que não sou. E não consigo me definir.
O infinito é encantador demais, porém não tem fronteiras e fico disforme, indefinida no tempo e no espaço.
Na verdade tudo o que eu quero mesmo é olhar para o teto, um teto vazio e simples, e ele absorver todo o meu pensamento.
Fugir? Deve ser isso mesmo. Mas acho melhor a palavra sumir.
O que aconteceu comigo? Não sei.
São aqueles versos de Cecília de Meireles: “Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente/ De um mal sem dor que não se saiba nem resuma”.
  

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Eu sei que um dia, fatalmente, você vai me fazer chorar. Nem eu e muito menos você tem o poder de evitar que isso aconteça. A culpa pode nem ser sua, é que ás vezes a única reação que sei ter são as lágrimas.
Mas quando isso acontecer e a culpa for sua, por favor, se desculpe. Seu orgulho pode te bloquear, mas contorne-o. Eu talvez não queira ouvir, mas insista.
Porque se essa nossa questão não se resolver o resultado será o ressentimento. E esse sentimento tão amargo e negro bate e tranca uma porta no coração da gente. A porta não se abre mais e não se sabe quantas mais existem. E o ressentimento tambem corrói e despedaça aquele sentimento guardado como ouro até que ele acaba e morre tristemente.

quarta-feira, 27 de junho de 2012


Você pode me chamar de vadia, é isso o que eu sou. Eu uso batom vermelho, sombras de olho extravagantes, saias que cubram o mínimo possível e apertem ao máximo, decotes profundos e saio pro aí rebolando e descendo até o chão.
Sou a vadia nomeada pelos homens hipócritas que adoram me ver assim, mas me condenam  por excitá-los. Até mesmo as mulheres me desaprovam, mas a elas eu perdoo porque é apenas o machismo que nos foi implantado dizendo que não podemos mostrar nosso corpo abertamente, usá-lo como quisermos.
Porque os homens se orgulham de seu corpo e se vangloriam dele para quem quiser ouvir. E para manter a sua superioridade, ameaçada pelo levante feminino, criou o truque de só “respeitar” as mulheres que suprimissem o físico que as tornava mulheres, taxando as que assim não faziam de vadias, como eu.
Hoje, o feminismo está realmente ultrapassado, mas não em sua luta e sim em suas ideias de que a mulher não deve ser reconhecida pelo SEU PRÓPRIO CORPO. O feminismo que queimou sutiãs para que nossos seios fossem livres e criou a minissaia para que nosso corpo fosse mostrado, hoje despreza tudo isso.
Mas, mulheres, há uma verdade da qual não podemos fugir: nós temos peito e temos bunda! Por que nos envergonharmos deles? Além da alma há o corpo feminino.
Não querer ser usada como um pedaço de carne se justifica, mas menosprezar essa carne que faz parte do seu SER é negar a sua própria existência.
E existimos pelo nosso corpo, que é carnal e que é belo, de qualquer forma.
Não, não sou uma cópia do homem feita de uma costela qualquer, tenho corpo de mulher.
Eu sou a vadia. A culpada pelo preconceito, pela desigualdade, pela violência.
Eu sou Mulher, assumida.

sexta-feira, 22 de junho de 2012


Nesta noite o céu está limpo. E me lembro de van Gogh no tom de azul escuro e na singela beleza. Noite estrelada, só faltou o vento. As nuvens não quiseram atrapalhar e as estrelas ficaram livres pra cintilar (quase posso ouvi-las, como Bilac). Nem mesmo a Lua quis competir e ficou em um fino minguante, sorrindo seu largo sorriso apenas.

terça-feira, 12 de junho de 2012

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Quero anunciar em todos os jornais: Preciso de alguém!
Alguém comum que sinceramente acredito estar por aí e que vá cruzar o meu caminho um dia.
Só espero que nesse dia, ele não leve tão a sério a violência a que recorro quando me sinto desconfortavelmente intimidada. E é como ele deve me deixar, porque de outro modo eu não me deixo levar por ninguém.
Mas me conquistar é muito fácil. Basta falar algo bonito, ou poético, ou engraçado, ou tudo isso junto e ter os olhos brilhantes de uma alegria que não sei de onde vem e me fazer imaginar que seja por me ver.
Também não quero um personagem saído direto de um filme romântico. É claro que um pouco de romantismo sempre me comove. Mas também não precisa reparar no cheiro do meu cabelo ou da minha pele ou me dar flores a todo momento.
Prometo também que não vou fazer pieguices extremas, como demorar horas para desligar o telefone ou fazer escandalosas declarações de amor ou de ciúme. E também não queria que fossem feitas comigo.
Quero que esse alguém brigue quando estiver agindo como uma idiota, que discorde das minhas opiniões até que eu fique zangada porque meus argumentos acabaram, que implique com a minha mania de reclamar de tudo. Mas também que me fizesse rir com as mais bobas piadas.
Queria que esse alguém não pedisse um beijo, mas sentisse o momento de me beijar ou que os roubasse aos montes.
Que me surpreendesse.
Que soubesse quando estou prestes a explodir em lágrimas e, nesse momento, me abraçasse mudamente.
Que sentisse uma forte ligação partindo das pupilas dilatadas e das batidas aceleradas do coração, formada de algo que deve ser o sentimento mais forte do universo.
Mas a verdade mesmo é que não precisa de nada disso. Esse alguém precisaria apenas um abraço aconchegante e um certo calor na voz ao dizer o meu nome.

segunda-feira, 21 de maio de 2012


Ele morreu.
Foi morto.
Num domingo que tinha tudo para ter sido tranquilo.
Tiros no peito e na cabeça.
Foi morto. É difícil acreditar.
Deixa mulher, dois filhos, familiares em desespero e revolta, e uma região inteira curiosa e comovida.
Deixou uma lata de cerveja pela metade sobre o carro, que ainda está lá, onde ele deixou.
Um passa e diz: “Para morrer basta estar vivo” e ele tem razão, outros clamam por justiça, outros tentam ajudar e atrapalham, outros ficam de um lado para o outro querendo ver, recolhendo e espalhando boatos. Outros choram.
E enquanto ele jaz morto, sem ter noção de nada disso, quantos ainda estão bebendo e se divertindo? Quantos estão reclamando da segunda feira tão próxima? Quantos estão nascendo e quantos mais estão morrendo?
Seu sangue vai secar na calçada fria, alguém vai limpá-lo depois, vai desaparecer. A vida vai seguir para todos, menos para ele, que ainda está onde caiu.
E a lata de cerveja continua no mesmo lugar, como um objeto cenograficamente colocado como prova da tragédia.

sábado, 5 de maio de 2012


Ah Lua!
Você merecia um poema, daqueles que causem suspiros a quem lê.
Mas nenhuma câmera fotográfica consegue captar exatamente a sua imagem.
Nenhuma lâmpada é capaz de reproduzir o seu brilho.
E meu lirismo não consegue expressar a sua magia.
Mas eu vi e admirei você no apogeu do seu perigeu. 

sexta-feira, 4 de maio de 2012


Não, não vou te dar meu telefone, nem vou garantir que o nome que falei seja o meu. Também não me diga mais nada sobre você porque tenho uma certa mania de Cinderela de achar que vou encontrar meu príncipe encantado em uma festa. Portanto, me fale algo que te faça desprezível para que eu não possa sonhar com o seu vulto contra a luz dançante. Porque, hoje, nem eu nem você somos nós mesmos, ou somos o que queríamos ser, deixo essa questão à psicanálise.
Hoje eu estou aqui para esquecer e dançar conforme a música. O que eu quero mesmo é isso: beijos livres, palavras bonitas soltas com vapores alcoólicos. Amanhã a realidade recomeça: eu não vou me lembrar de seu rosto e você não saberá meu nome. Posso até estar perdendo uma grande oportunidade, mas não será esta noite que vou pagar pra ver. 

domingo, 29 de abril de 2012


A vida como nós a praticamos não é bela ou poética.
É egoísta demais, corrida demais e emocionada de menos.
A arte é o que liberta, o que diria o poeta, o ator, o artista.
É uma insuflação de humanidade nos pulmões de quem consegue percebê-la.
A arte não se apresenta para quem não repara nela.
Mas as responsabilidades supostamente nos tiram toda a atenção.

domingo, 8 de abril de 2012


E eis que ressurjo das cinzas! Não porque seja Páscoa, mas porque só agora tive tempo de encorajar um texto a sair do Esboço, esse limbo literário. Enfim, o resultado é este texto. Espero que gostem, meus caros leitores.



Sabe, eu adoro tardes de chuva. Mas elas sempre me lembram de cenas que nunca vivi: algo quente para se beber ao lado, um sofá, muitas almofadas, um abraço e uma lareira.
Sim, uma lareira, algo praticamente impossível de se ter aqui no Brasil. Fazer o que se meus sonhos românticos são todos baseados em livros e filmes estrangeiros?
Mas continuo adorando as tardes chuvosas, mesmo sem a lareira, sem as almofadas, sem o seu abraço. Nessas tardes eu sonho, admirando a água que cai ao sabor do vento e imaginando que talvez final o arco-íris seja no seu coração. 

sexta-feira, 23 de março de 2012


Sou arredia, rebelde, bicho do mato mesmo. Fujo de qualquer relação mais que muitos de vocês homens. Pra você ter noção não gosto de vínculos nem com cabeleireiros.
Quero ser livre, para ser presa por eu mesma, nas armadilhas e fantasias que crio.
Mas você chegou devagarzinho, e quando fui ver já estava perto demais.
Porém me deixou fugir, embora não sozinha porque fez questão de morar na minha mente.
E agora sou eu quem volta, te pedindo para me prender no seu abraço.
Entendo que tudo vai terminar, mais cedo ou mais tarde, mas quero ao menos começar.

domingo, 4 de março de 2012


Está faltando alguma coisa.
Essa é a sensação que tenho ao olhar meu quarto cheio de uma bagunça que já não sei quando começou já quase alheio á mim mesma.
É isso o que eu sinto quando olho ao redor, esteja onde eu estiver.
E se tento fazer alguma coisa, qualquer coisa, essa constatação do vazio de algo que não sei o que é me oprime e incomoda.
Não sabendo lidar de outra forma, tento escrever sobre isso, mas por mais que eu leia o texto que resulta de horas desse esforço, falta alguma coisa.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sonho Carnavalesco


Era um bloco de rua comum, onde você podia encontrar coelhas, mágicos, freiras, palhaços... Todos juntos na mesma animação.
Nele, uma fada se destacou para o único olho descoberto de um pirata que passava por ali. Ele se aproximou: “Eu acredito em fadas agora que te vi.”.
Ela sorriu: “Não estou vestida de fada!”. Ele agora sim percebeu que ela não tinha asas, estava usando um simples vestido branco que contrastava com sua pele morena e uma máscara colorida sobre os olhos. “Minha fantasia chama-se: ninfa da espuma das ondas quebrando na praia” e riu.
E o pirata, também sorrindo: “Como não percebi antes? Aliás, uma fantasia muito carnavalesca.”
E assim, simples como o riso, uma certa intimidade se instalou entre eles, e muito pouco tempo depois os dois estavam aos beijos.
Num arroubo de prudência ele apenas perguntou: “Você não é como as sereias que encantam os marinheiros para afogá-los depois, é?”? Porque a prudência é algo muito racional para carnavais.
“Geralmente esse é o meu trabalho, mas estamos em feriado de carnaval também.”.
Conversaram pouco e sobre nada importante. O mundo naqueles instantes se resumia à música tocando, à alegria em volta, um ao outro. Curtiam para esquecer e para lembrar-se disso depois.
E o tempo passou com o bloco, sem que ninguém o notasse. Até que restaram poucas pessoas e a música já não era contínua. A ninfa e seu pirata estavam sentados num banco de praça, corpos entregues aos braços um do outro.
Ela disse que tinha que ir, ele pediu que ficasse, “Não posso” foi a resposta.
“Espere! Qual é o seu nome?”
“Ninfa das ondas... eu já me esqueci”, rindo.
 Um longo beijo de despedida, ela se levanta e vai saindo.
“Mas nem vi seu rosto!”
“Melhor assim. As fantasias não sobrevivem na realidade lá fora.”
“Mas talvez a gente possa se encontrar.”
“Quem sabe em outro carnaval, com outras fantasias.”
E em uma atmosfera quase sonolenta, o pirata ficou olhando a sua ninfa do mar ir embora, olhando para ele, macia como uma calma onda voltando ao oceano.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

“O poema da vida é escrito com três versos: o que foi, o que não foi e o que deixou de ser”. Foi o que disse um sábio. Essa verdade apareceu para mim como uma lua cheia de repente vista entre os prédios e com a sensação de eu ser a única a observá-la.
Depois de escrevê-la, reparei que não havia o “o que será”. Mas esse verso realmente não existe, o futuro não foi escrito, porém com esses três versos ele já foi determinado. Obrigando as pessoas a conviver e assumir as escolhas que fizeram, existe algo mais difícil?
Parece simples e lógico quando se fala, mas a ação já é muito mais complicada.
O “o que deixou de ser”, o que poderia ter sido é o que me atormenta, principalmente quando percebo que a escolha foi errada. Sonhamos então que a outra seria a certa, um sonho completamente inatingível, louco e inútil.
É por isso que prefiro acreditar no destino, tiro a responsabilidade que eu sei que é minha.  Mas a culpa não me deixa.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Detalhes Urbanos V




Eu me encanto com detalhes, e fico feliz que artistas queiram espalhá-los pela cidade.
(1° Avenida, em frente a Faculdade de Farmácia da UFG, Setor Universitário)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Existe algo que, assim como as fadas da Terra do Nunca, precisa ser acreditada para continuar existindo: a amizade.
Se você se mostrou surpreso ou indignado com o que acabo de “dizer” é um bom sinal de que ainda há quem, assim como eu, crê nela, porque um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão e que esse sentimento não existe, e mais de uma vez.
Mas também não condeno totalmente essas pessoas, elas provavelmente já se decepcionaram e foram magoadas. E aí entra um problema ainda maior: a falta de confiança.
O que anda impedindo as pessoas de fazerem amigos de verdade é a falta de confiança nos seres humanos. Há um olhar de interesse em vantagens por todos os lugares e por isso vão aparecendo muitos outros de cuidado, que, infelizmente, depois pode se tornar egoísmo.
Os pais ensinam esse olhar a seus filhos desde pequenos, para que eles possam se proteger na vida. E vão matando a inocência prematuramente e “coleguisando” os candidatos a vaga na amizade.
Mas a vaga fica. E não suportamos vê-la vazia (quero acreditar que seja devido a uma inerente necessidade por amigos, mas pode ser apenas um processo de adaptação). Criamos então redes sociais virtuais onde podemos ter quantos amigos quisermos, ou até mesmo seguidores. Bem aventurados os que têm quem chamar de amigo fora do facebook.
Sei que a amizade não pode encontrar terreno muito fértil nesses tempos modernos, mas tenho esperança em encontrar mais pessoas que acreditam nesses seres raros (é verdade) e mágicos que são os amigos. Eu acredito.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Há algumtempo atrás dormir nao era apenas uma irritante necessidade fisiológica, e em algumas, um pouco raras, noites eu tinha insônia e odiava isso. Acreditava que o sono era o desligamento total, e não conseguia dormir porque estava pensando demais. Tentava, então, não pensar, mas se você já tentou fazer isso sabe o quanto é impossível quando se quer. Então, para resolver o meu problema, era nisso que me concentrava:
TV com chuvisco, a imagem de "nada" mais fácil que consegui captar no alto dos meus 9 anos. Mas meu cérebro logo mudava de canal, e eu tomava o controle de novo e após tanta disputa mental acabava adormecendo. Uma bela noite, porém, deixei meu pensamento fluir sem colocar barreiras e uma história se desenvolveu. E fui criando-a à meu bel prazer até adormecer como a criança que eu era. Foi então que descobri o poder das histórias para dormir. Ninguém nunca leu para mim, então as criei, como filmes em minha cabeça. Não que elas deêm sono, mas é um bom modo de passar o tempo enquanto o sono não vem. São histórias que nunca escrevi, nem tenho a intenção, até porque são gigantes, apenas exercitam o meu lado melodramático de escritor de novela. Mas desde então, toda noite retomo do ponto onde parei ou revisito o que já pensei, tenho umas quatro ou cinco que vou incrementando. As vezes, quando a minha realidade não está muito interessante, penso nelas até durante o dia. Ultimamente também o tempo anda escasso para elas durante a noite, porque é raro o dia em que não vou dormir apenas quando já não posso evitar o sono. Deve ser desse meu hábito que veio o meu gosto por histórias, ou do meu goto por histórias que veio esse hábito, vai-se saber.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sentada em minha cama, sozinha, na escuridão da noite, ouvindo o tamborilar da chuva na janela eu me vejo vazia. Uso a palavra vazia por não encontrar outra que descreva melhor o deslocamento de mim mesma que estou sentindo. Tenho a impressão de que se jogasse uma pedra no poço do meu ser iria ter que esperar muito tempo para ouvi-la chegar ao fundo, e não teria paciência para isso. Não consigo fixar um pensamento em nada e nada me vem à cabeça. Tento lembrar alguma música que expresse o que agora ouso por em palavras para ver se faz algum sentido. Mas nenhuma música aparece, e para mim, esse é um triste sinal de que alguma coisa séria está acontecendo. Sinceramente estou em um limbo que a chuva e o ócio construíram para eu estar, apenas isso, porque ele foi projetado para que nenhuma ação minha sobrevivesse, mas infelizmente ainda me deixou ser, um ser deturpado. Eu sei a saída. O que eu preciso é de uma grande emoção que mexa comigo e com essas vibrações eu poderia me levantar, e pode até ser uma emoção inventada ou emprestada. Mas o limbo foi mais forte: me tomou o sentir quando a vontade foi embora.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Eu sei que está meio tarde para uma reflexão do ano que passou, mas vou fazer mesmo assim. Não sei se meu horóscopo previa isso, mas o ano passado foi um ano de crescimento para mim (e quem me conhece sabe que o crescimento não foi pra cima nem pros lados). Pode parecer aquelas conversas chatas, mas cresci como pessoa, amadureci um pouco mais e me surpreendi comigo mesma, porque percebia as mudanças de repente, num repentino momento de auto-conhecimento quase em praça pública e meu coração nem se acelerava com a surpresa! Não tenho desejos para esse ano, os que eu tinha para o ano passado não se realizaram e tenho a crença de vidente as avessas, de que o que prevejo não acontece (talvez por ser uma vidente), só espero que muitas COISAS ACONTEÇAM. E que o mundo acabe de uma vez.