segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sonho Carnavalesco


Era um bloco de rua comum, onde você podia encontrar coelhas, mágicos, freiras, palhaços... Todos juntos na mesma animação.
Nele, uma fada se destacou para o único olho descoberto de um pirata que passava por ali. Ele se aproximou: “Eu acredito em fadas agora que te vi.”.
Ela sorriu: “Não estou vestida de fada!”. Ele agora sim percebeu que ela não tinha asas, estava usando um simples vestido branco que contrastava com sua pele morena e uma máscara colorida sobre os olhos. “Minha fantasia chama-se: ninfa da espuma das ondas quebrando na praia” e riu.
E o pirata, também sorrindo: “Como não percebi antes? Aliás, uma fantasia muito carnavalesca.”
E assim, simples como o riso, uma certa intimidade se instalou entre eles, e muito pouco tempo depois os dois estavam aos beijos.
Num arroubo de prudência ele apenas perguntou: “Você não é como as sereias que encantam os marinheiros para afogá-los depois, é?”? Porque a prudência é algo muito racional para carnavais.
“Geralmente esse é o meu trabalho, mas estamos em feriado de carnaval também.”.
Conversaram pouco e sobre nada importante. O mundo naqueles instantes se resumia à música tocando, à alegria em volta, um ao outro. Curtiam para esquecer e para lembrar-se disso depois.
E o tempo passou com o bloco, sem que ninguém o notasse. Até que restaram poucas pessoas e a música já não era contínua. A ninfa e seu pirata estavam sentados num banco de praça, corpos entregues aos braços um do outro.
Ela disse que tinha que ir, ele pediu que ficasse, “Não posso” foi a resposta.
“Espere! Qual é o seu nome?”
“Ninfa das ondas... eu já me esqueci”, rindo.
 Um longo beijo de despedida, ela se levanta e vai saindo.
“Mas nem vi seu rosto!”
“Melhor assim. As fantasias não sobrevivem na realidade lá fora.”
“Mas talvez a gente possa se encontrar.”
“Quem sabe em outro carnaval, com outras fantasias.”
E em uma atmosfera quase sonolenta, o pirata ficou olhando a sua ninfa do mar ir embora, olhando para ele, macia como uma calma onda voltando ao oceano.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

“O poema da vida é escrito com três versos: o que foi, o que não foi e o que deixou de ser”. Foi o que disse um sábio. Essa verdade apareceu para mim como uma lua cheia de repente vista entre os prédios e com a sensação de eu ser a única a observá-la.
Depois de escrevê-la, reparei que não havia o “o que será”. Mas esse verso realmente não existe, o futuro não foi escrito, porém com esses três versos ele já foi determinado. Obrigando as pessoas a conviver e assumir as escolhas que fizeram, existe algo mais difícil?
Parece simples e lógico quando se fala, mas a ação já é muito mais complicada.
O “o que deixou de ser”, o que poderia ter sido é o que me atormenta, principalmente quando percebo que a escolha foi errada. Sonhamos então que a outra seria a certa, um sonho completamente inatingível, louco e inútil.
É por isso que prefiro acreditar no destino, tiro a responsabilidade que eu sei que é minha.  Mas a culpa não me deixa.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Detalhes Urbanos V




Eu me encanto com detalhes, e fico feliz que artistas queiram espalhá-los pela cidade.
(1° Avenida, em frente a Faculdade de Farmácia da UFG, Setor Universitário)