segunda-feira, 21 de maio de 2012


Ele morreu.
Foi morto.
Num domingo que tinha tudo para ter sido tranquilo.
Tiros no peito e na cabeça.
Foi morto. É difícil acreditar.
Deixa mulher, dois filhos, familiares em desespero e revolta, e uma região inteira curiosa e comovida.
Deixou uma lata de cerveja pela metade sobre o carro, que ainda está lá, onde ele deixou.
Um passa e diz: “Para morrer basta estar vivo” e ele tem razão, outros clamam por justiça, outros tentam ajudar e atrapalham, outros ficam de um lado para o outro querendo ver, recolhendo e espalhando boatos. Outros choram.
E enquanto ele jaz morto, sem ter noção de nada disso, quantos ainda estão bebendo e se divertindo? Quantos estão reclamando da segunda feira tão próxima? Quantos estão nascendo e quantos mais estão morrendo?
Seu sangue vai secar na calçada fria, alguém vai limpá-lo depois, vai desaparecer. A vida vai seguir para todos, menos para ele, que ainda está onde caiu.
E a lata de cerveja continua no mesmo lugar, como um objeto cenograficamente colocado como prova da tragédia.

sábado, 5 de maio de 2012


Ah Lua!
Você merecia um poema, daqueles que causem suspiros a quem lê.
Mas nenhuma câmera fotográfica consegue captar exatamente a sua imagem.
Nenhuma lâmpada é capaz de reproduzir o seu brilho.
E meu lirismo não consegue expressar a sua magia.
Mas eu vi e admirei você no apogeu do seu perigeu. 

sexta-feira, 4 de maio de 2012


Não, não vou te dar meu telefone, nem vou garantir que o nome que falei seja o meu. Também não me diga mais nada sobre você porque tenho uma certa mania de Cinderela de achar que vou encontrar meu príncipe encantado em uma festa. Portanto, me fale algo que te faça desprezível para que eu não possa sonhar com o seu vulto contra a luz dançante. Porque, hoje, nem eu nem você somos nós mesmos, ou somos o que queríamos ser, deixo essa questão à psicanálise.
Hoje eu estou aqui para esquecer e dançar conforme a música. O que eu quero mesmo é isso: beijos livres, palavras bonitas soltas com vapores alcoólicos. Amanhã a realidade recomeça: eu não vou me lembrar de seu rosto e você não saberá meu nome. Posso até estar perdendo uma grande oportunidade, mas não será esta noite que vou pagar pra ver.