Você pode me
chamar de vadia, é isso o que eu sou. Eu uso batom vermelho, sombras de olho extravagantes,
saias que cubram o mínimo possível e apertem ao máximo, decotes profundos e
saio pro aí rebolando e descendo até o chão.
Sou a vadia nomeada pelos homens
hipócritas que adoram me ver assim, mas me condenam por excitá-los. Até mesmo as mulheres me
desaprovam, mas a elas eu perdoo porque é apenas o machismo que nos foi
implantado dizendo que não podemos mostrar nosso corpo abertamente, usá-lo como
quisermos.
Porque os homens se orgulham de
seu corpo e se vangloriam dele para quem quiser ouvir. E para manter a sua
superioridade, ameaçada pelo levante feminino, criou o truque de só “respeitar”
as mulheres que suprimissem o físico que as tornava mulheres, taxando as que
assim não faziam de vadias, como eu.
Hoje, o feminismo está realmente
ultrapassado, mas não em sua luta e sim em suas ideias de que a mulher não deve
ser reconhecida pelo SEU PRÓPRIO CORPO. O feminismo que queimou sutiãs para que
nossos seios fossem livres e criou a minissaia para que nosso corpo fosse
mostrado, hoje despreza tudo isso.
Mas, mulheres, há uma verdade da
qual não podemos fugir: nós temos peito e temos bunda! Por que nos envergonharmos
deles? Além da alma há o corpo feminino.
Não querer ser usada como um pedaço
de carne se justifica, mas menosprezar essa carne que faz parte do seu SER é
negar a sua própria existência.
E existimos pelo nosso corpo, que
é carnal e que é belo, de qualquer forma.
Não, não sou uma cópia do homem
feita de uma costela qualquer, tenho corpo de mulher.
Eu sou a vadia. A culpada pelo
preconceito, pela desigualdade, pela violência.
Eu sou Mulher, assumida.