domingo, 26 de setembro de 2010


Os cometas atravessam o céu. Seguem sua rota, partem rumo ao nada. Nenhum sabe quando será o fim da estrada que seguem. Mas todos têm consciência de que há um fim, e depois dele vão desaparecer.
O que alguns não sabem é que todos eles brilham, e existem os que brilham tanto que no fim acabam virando estrelas. E apesar de não marcarem o céu, com sua eterna indiferença, este sempre fica mais bonito e interessante com os cometas.



E fica a pergunta: “nós admiramos as estrelas porque somos humanos ou somos humanos porque admiramos as estrelas?”

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Está fazendo calor.
Sol
Está fazendo muito calor.
Quente
Está fazendo um calor infernal!
Labaredas

Eu poderia escrever sobre muitas coisas,
mas o calor está no caminho.
E no meio do caminho está o calor!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010


A umidade relativa do ar estava em torno de 15%. A temperatura era maior que 30°C. Clima de deserto. Mas o céu dela estava negro. Trovões e relâmpagos cortavam o ar. Raios apareciam aqui e ali. Tudo era insuportável. A chuva tinha que cair, mas ela era segurada. Não era hora nem lugar.
E a chuva foi ficando pesada. Tão pesada que caiu. Caiu forte, mas silenciosa, não era pra ninguém ver. A poeira subiu com a chuva, e esta soltou um gemido. Gemido fundo e dolorido...
A chuva acalmou. Ficou mansa, mansa. Mas ainda durou por muito tempo.
As nuvens nunca mais deixaram o céu dela, mas abriram um espaço para a luz do Sol entrar de novo.

domingo, 5 de setembro de 2010


Toda a área rescendia à cores. Cores das mais variadas. Variadas como as flores das quais descendiam. Flores lindas espalhadas por todo canto. Flores alegres que animavam o ambiente.
E todos estavam maravilhosamente bem. Conversavam sobre assuntos conversáveis. Os homens até discutiam política. As mulheres mudavam de interlocutor a cada instante para poderem repetira sua história.
Tudo normal. Tudo como deveria ser.
Mas se algum atrevido se aproximasse das flores para sentir-lhes o perfume, teria amarga decepção, porque perfume elas não tinham. As flores eram de plástico.
Plástico. De plástico era tudo e todos ali. Plástico: a cópia barata de tudo.
O atrevido poderia pensar na ironia da vida. As flores de verdade não estavam lá porque murcham e morrem. Precisam ser trocadas. As pessoas plásticas estavam lá.
Mas ninguém pensava assim porque atrevido não havia ali.apenas um fraco, que sorria e conversava também, mas trazia os olhos vermelhos de choro.
Tudo normal. Tudo como deveria ser.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estou farta desse amor fingido. Do amor inventado que quando acaba parece nunca ter existido. Do amor que precisa de razão para existir. Do amor que pensa ter o direito de prender o outro.
Não é qualquer tipo de amor que vale a pena, não é qualquer tipo de amor que vale amar. Se for para amar alguém, que esse alguém seja inteiro, não a metade de uma laranja. Que seja mais que alma gêmea, seja corpo, seja mente. E que seja sobretudo real, ao invés de ser perfeito.
O amor tem que ser grande e estranho, quente e perigoso, porque ele realmente é fogo, e como este, também acaba. Acaba deixando nos corações humanos amizade e nos de ouro, ódio.
Se se morre de amor? Não, não se morre. Mas o que se fez amante agora se faz triste. E amor sempre rima com dor, porém o que pode uma criatura senão outras criaturas amar? E a esperança de amar de novo é erva benigna que nunca morre.
Não quero mais saber de amor que não seja libertação!


*Com citações e paráfrases de: Manuel Bandeira, Cazuza, Luís Vaz de Camões, Gonçalves Dias, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade.