Não, não vou te dar meu telefone, nem vou garantir que o
nome que falei seja o meu. Também não me diga mais nada sobre você porque tenho
uma certa mania de Cinderela de achar que vou encontrar meu príncipe encantado
em uma festa. Portanto, me fale algo que te faça desprezível para que eu não possa
sonhar com o seu vulto contra a luz dançante. Porque, hoje, nem eu nem você somos
nós mesmos, ou somos o que queríamos ser, deixo essa questão à psicanálise.
Hoje eu estou aqui para esquecer e dançar
conforme a música. O que eu quero mesmo é isso: beijos livres, palavras bonitas
soltas com vapores alcoólicos. Amanhã a realidade recomeça: eu não vou me lembrar
de seu rosto e você não saberá meu nome. Posso até estar perdendo uma grande
oportunidade, mas não será esta noite que vou pagar pra ver.
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