segunda-feira, 21 de maio de 2012


Ele morreu.
Foi morto.
Num domingo que tinha tudo para ter sido tranquilo.
Tiros no peito e na cabeça.
Foi morto. É difícil acreditar.
Deixa mulher, dois filhos, familiares em desespero e revolta, e uma região inteira curiosa e comovida.
Deixou uma lata de cerveja pela metade sobre o carro, que ainda está lá, onde ele deixou.
Um passa e diz: “Para morrer basta estar vivo” e ele tem razão, outros clamam por justiça, outros tentam ajudar e atrapalham, outros ficam de um lado para o outro querendo ver, recolhendo e espalhando boatos. Outros choram.
E enquanto ele jaz morto, sem ter noção de nada disso, quantos ainda estão bebendo e se divertindo? Quantos estão reclamando da segunda feira tão próxima? Quantos estão nascendo e quantos mais estão morrendo?
Seu sangue vai secar na calçada fria, alguém vai limpá-lo depois, vai desaparecer. A vida vai seguir para todos, menos para ele, que ainda está onde caiu.
E a lata de cerveja continua no mesmo lugar, como um objeto cenograficamente colocado como prova da tragédia.

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