quarta-feira, 27 de junho de 2012


Você pode me chamar de vadia, é isso o que eu sou. Eu uso batom vermelho, sombras de olho extravagantes, saias que cubram o mínimo possível e apertem ao máximo, decotes profundos e saio pro aí rebolando e descendo até o chão.
Sou a vadia nomeada pelos homens hipócritas que adoram me ver assim, mas me condenam  por excitá-los. Até mesmo as mulheres me desaprovam, mas a elas eu perdoo porque é apenas o machismo que nos foi implantado dizendo que não podemos mostrar nosso corpo abertamente, usá-lo como quisermos.
Porque os homens se orgulham de seu corpo e se vangloriam dele para quem quiser ouvir. E para manter a sua superioridade, ameaçada pelo levante feminino, criou o truque de só “respeitar” as mulheres que suprimissem o físico que as tornava mulheres, taxando as que assim não faziam de vadias, como eu.
Hoje, o feminismo está realmente ultrapassado, mas não em sua luta e sim em suas ideias de que a mulher não deve ser reconhecida pelo SEU PRÓPRIO CORPO. O feminismo que queimou sutiãs para que nossos seios fossem livres e criou a minissaia para que nosso corpo fosse mostrado, hoje despreza tudo isso.
Mas, mulheres, há uma verdade da qual não podemos fugir: nós temos peito e temos bunda! Por que nos envergonharmos deles? Além da alma há o corpo feminino.
Não querer ser usada como um pedaço de carne se justifica, mas menosprezar essa carne que faz parte do seu SER é negar a sua própria existência.
E existimos pelo nosso corpo, que é carnal e que é belo, de qualquer forma.
Não, não sou uma cópia do homem feita de uma costela qualquer, tenho corpo de mulher.
Eu sou a vadia. A culpada pelo preconceito, pela desigualdade, pela violência.
Eu sou Mulher, assumida.

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